Amor insensato – Junichiro Tanizaki (1924)

Amor insensato – Junichiro Tanizaki (1924) – Companhia das Letras – 280 páginas. Título original: Chijin no ai. Tradutor: Jefferson José Teixeira.

Gostei do livro. Encontrei este livro por acaso. Flanava no sebo, olhava as estantes, dezenas de livros passaram por minhas mãos, já ia embora quando vi esse, capa amarela simples. Nunca ouvira falar do autor. Li o primeiro parágrafo e gostei, comprei o livro. Gosto de autores japoneses, Murakami, Kenzaburo Oe, existe uma “visão de mundo” japonesa que se reflete nos livros deles e nesse de Tanizaki.

Para um livro escrito em 1924, o romance me impressionou por ser completamente atemporal. A história narrada poderia, com pequenas ressalvas, estar ambientada nos dias atuais ou em um futuro distante.

A história conta o relacionamento entre um homem de vinte e oito ano e uma mocinha de quinze anos. A moça, de origem humilde, trabalha em uma lanchonete que o homem frequenta. Ele se sente atraído pela aparência eurasiana da moça. Ele descobre que a moça gostaria de estudar e procura a família dela para se tornar o “tutor” da moça. O sonho do rapaz é formar uma mulher elegante, refinada, e casar com ela. Entretanto, o tempo passa, eles se casam, mas a mocinha revela ter o “dom de iludir” e de mentir, além de ser preguiçosa e desleixada. É curioso observar o fascínio que os japoneses da história alimentam por tudo que é ocidental, europeu ou estadunidense. Penso que, ao final, essa é a história de duas pessoas fracas que se aproveitam mutuamente das fraquezas do cônjuge. Uma boa história de paixão, sexo, mentiras e ilusões.

Primeiro parágrafo:

“Pretendo escrever a partir de agora o mais honestamente possível, sem reservas, e em toda sua verdade, fatos sobre nossa relação conjugal, aparentemente rara no mundo. Este relato constituirá o registro precioso de acontecimentos para mim inesquecíveis e, sem dúvida, servirá também de referência para os leitores. Isso porque, com o decorrer do tempo, relações conjugais singulares, semelhantes à nossa, deverão começar a despontar por toda parte, sobretudo numa época em que a presença do Japão se torna cada vez mais conhecida no cenário internacional, intensificam-se os contatos entre japoneses e estrangeiros, diversas doutrinas e ideologias são introduzidas, e não apenas os homens, como também as mulheres, naturalmente, elevam sensivelmente seu nível de sofisticação.”

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