Franny & Zooey, J. D. Salinger

Franny & Zooey, J. D. Salinger. um dos piores livros que li.

Um dos piores livros que já li na vida. História boba, tediosa, inútil de dois irmãos de família riquinha norte-americana e seus mesquinhos probleminhas existenciais.

Há muito tempo atrás, eu li o Apanhador e não gostei. Não sei o que as pessoas vêem naquele livrinho de um jovem meio revoltado. Caí na besteira de pegar outro livro desse Salinger para ler.

O livro deveria ter seu título traduzido para “Chiquinha e Zaquinho”, pois Franny é apelido de Frances e Zooey é apelido de Zachary. Eles são os irmãos mais novos de um grupo de sete. O mais velho se matou, o outro vive recluso – como Salinger – uma irmã se casou e teve filhos, outro morreu na guerra e outro é padre.

Mas Chiquinha e Zaquinho desfilam suas tediosas dúvidas sobre a vida e deus e gente e o que fazer da vida, entremeadas com conversas absolutamente inúteis com a mamãe. Que grande porcaria. O pior, talvez, eu nem sei o que é o pior neste autor, o pior talvez seja o uso de expressões como “a linha de seu lábio irlandês” para Zaquinho – que m. é um lábio irlandês, grande m. um lábio irlandês – ou “Chiquinha tem uma silhueta americana” e “sua pele linda e seus olhos azuis”. Pois é: um livreco sobre gente de pele linda e olhos absolutamente azuis, sem nada de interessante para fazer na vida. Ah, acho que uns 3.647 cigarros são fumados nas poucas páginas do livreco. Câncer de pulmão para todos.

Fuja desse livro.

Resumo:

Chiquinha, 21 anos, universitária, namora Lane, um estudante universitário pedante entediante. Vão a um restaurante e ela critica tudo o que ele diz. Ela está interessada em misticismo, deus, religião e no livrinho Relatos de um peregrino; ela passa mal, desmaia no restaurante. Eu pensei em gravidez, mas é misticismo e falta de comida.

Chiquinha em casa, reclusa na sala, embrulhada em lençóis, chora, chora, não come, deprimida, deitada no sofá com um gato pulguento, vomita de quando em quando. Eu pensei em gravidez, mas é só frescura de rico.

Zaquinho, 25 anos, ator, passa três horas na banheira, fumando e lendo uma carta do irmão recluso. Mamãe entra e passa duas horas aperreando Zaquinho para que ele converse com Chiquinha deprimida. Zaquinho não gosta de ninguém, ninguém no mundo presta. Chiquinha pensa o mesmo. Zaquinho se apronta para sair e vai conversar um blá-blá-blá longo e tedioso com Chiquinha na sala. Deus, os irmãos, a vida, as pessoas, tudo superficial. Chiquinha não melhora. Zaquinho vai para o quarto do irmão que se matou e telefona para Chiquinha. Diz a ela, por telefone, que ela não deve largar a universidade e o teatro, que ela tem que desapegar, que ela deve fazer o melhor possível da vida dela pensando em um ouvinte comum de rádio, e que esse ouvinte comum é Jesus. Chiquinha se acalma e dorme tranquila. Fim.

Curiosidades:

Menções a Shakespeare: Yorick, o bobo da corte que entretinha Hamlet na infância, o fantasma de Banquo em Macbeth. Sete irmãos e faz sete anos que o mais velho se matou. Menção a um poema de Safo sobre Adônis.

“Morto o doce Adônis
E agora Citeréia
Que nos resta?
Lacerai os seios donzelas
Dilacerai as túnicas”

Safo

O narrador – neurótico – critica a colocação de livros díspares juntos na estante: Drácula e um outro livro qualquer, por exemplo. Menção pedante ao “tom de vermelho do quarto de Van Gogh em Arles”. Menções e trechos atribuídos a Epicteto (mas não consegui verificar se é verdade).

“No que se refere aos Deuses, há quem negue até a existência da Divindade; outros dizem que ela existe, mas nem se move nem se comove nem antevê coisa alguma. Um terceiro grupo lhe atribui existência e antevisão, mas somente para questões grandiosas e celestiais, não por algo que seja desta terra. Um quarto grupo admite coisas da terra além das do céu, mas em geral, e não com respeito a cada indivíduo. Um quinto, de que fazem parte Ulisses e Sócrates, é o grupo dos que gritam: “Não dou um passo sem que Tu saibas!” Epicteto.”