Silêncio, Shuzaku Endo, 1966

Silêncio, Shuzaku Endo, 1966, edição de 2017 da Tusquets/Planeta, 289 páginas, tradução de Mário Vilela a partir da edição em inglês.
Péssimo livro. Primeiro de tudo, recuso-me a ler tradução da tradução e essa edição é tradução do inglês traduzido do japonês. Quem é que sabe lá o que, como, o autor escreveu no original? Não prestei atenção e comprei essa b. Li comentários de quem gostou do livro. Eu detestei. Vamos lá. O livro começa em um prólogo que situa a história temporal e espacialmente e cita cartas que estariam em biblioteca de Lisboa acerca da catequização do Japão lá por 1600 e tantos. Depois, acompanhamos as cartas do padre Sebastião Rodrigues até mais ou menos a metade do livro. O padre estava escondido em montanhas e povoados de pescadores no Japão e não se explica como conseguiu miraculosamente enviar as tais cartas. Nenhuma caravela dos Correios de Portugal chegou lá para buscá-las. Depois que as cartas acabam, entra um narrador onisciente contando as peripécias seguintes. Quem é? Não se diz, não se sabe. Falha terrível na estrutura do romance. E a história? O Japão, na época, recusava a catequização católica e torturava cristãos e padres. O principal objetivo dos governantes japoneses era obter a apostasia dos torturados, o ato de renunciar àquela fé. Eu renunciava imediatamente, precisava nem me torturar. Os dois padres vão para o Japão sabendo disso, problema deles, sabiam no que estavam se metendo. O romance fica nesse rói-rói do silêncio de Deus. O pessoal é torturado, sofre que nem cachorra de rua, e Deus lá, em silêncio. Já dizia o livro de Jó: “Ele ri do desespero dos inocentes”. Pena nenhuma desses padres torturados e apóstatas. Ao mesmo tempo disso no Japão, a Inquisição queimava gente, principalmente mulheres “bruxas”, na Europa, e aqui na Bananalândia, os padres forçavam os índios a acreditar nas suas crendices europeias. E os judeus que eram obrigados a se tornar cristãos-novos e esconder a sua fé? Livrinho inútil, viu.