On cats, Doris Lessing, 2008

On cats, Doris Lessing, 2008, em inglês, 245 páginas.

Não sou fã de gatos, prefiro cães, acho gatos uns animaizinhos egoístas e cruéis. Contudo, encontrei a bela resenha deste livro, em português, feita pelo inacreditável comedor de livros Aguinaldo Médici Severino, interessei-me e peguei a edição em inglês, para exercitar um pouco meu fraquíssimo domínio daquele idioma. Também me interessei pelo livro porque minha filha tem gatos e os adora. Gostei muito do livrinho de Doris Lessing e comprei a edição em português para minha filha.

Doris Lessing ama os gatos em geral. No livro, ela conta de suas experiências com gatos, desde os tempos em que vivia em uma fazenda na África até os anos mais recentes antes de publicar o livro. Há muitas historinhas sobre gatos que ela criou ou conheceu. Lessing é uma exímia observadora do comportamento dos seus bichanos e com ela aprendi muito sobre os sentimentos que eles demonstram. No livro, passamos a conviver com a Grey Cat, a Black Cat, o Rufus e El Magnifico, entre outros gatinhos. O livro prende o leitor e vale a pena a leitura.

Veja a resenha de Aguinaldo Médici, muito mais completa e esclarecedora que a minha, clique aqui.

Vida Querida – Alice Munro

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Conhecia a obra de Alice Munro antes que ela ganhasse o Nobel de Literatura de 2013. Havia lido dela o Felicidade Demais. Este Vida Querida é inferior ao Felicidade. Alice Munro é contista, você sabe. Penso que o principal problema de muitos contos, não apenas os de Alice, é que eles parecem não ter um fim determinado, a história acaba de repente. Parecem precisar de mais história, mais fôlego, mais explicação. Neste Vida Querida há pelo menos cinco contos que eu chamaria sem fim. A história fica suspensa e o leitor diz ‘sim, e daí? e então? o que vai acontecer?’. Neste livro, estão presentes quatorze contos. Gostei de quatro, apenas. Apesar de tudo, recomendo a leitura, pois Alice Munro escreve bem, de forma simples e clara, e há trechos bons mesmo em contos ruins.

Aguinaldo Médici Severino também não gostou do livro. Clique aqui para ler a opinião dele.

Sábado – Ian McEwan

Não é dos melhores livros de McEwan. Sábado conta a história do neurocirugião londrino Henry Perowne, a partir de uma sexta-feira à noite até o amanhecer de um domingo.

O livro é, na maior parte do tempo, entediante. Longas descrições de cirurgias e doenças, longas digressões de Perowne sobre a Guerra do Golfo, o que torna o livro imensamente datado, briguinhas bobas de família, entre neta e avô, entre pai e filha, uma longa e inútil narração de uma partida de squash.

A família retratada por McEwan é quase uma impossibilidade ou uma afronta às nossas famílias comuns. Todos são pessoas de sucesso. Um avô e sogro, poeta premiado, que mora em um castelo na França. Perowne, neurocirurgião conceituado, Rosalind, mulher dele, advogada conceituada, filho músico e compositor de jazz, filha poeta premiada. Perowne e filhos moram em uma casa enorme no centro de Londres. Salvo engano de tradução, a casa tem dois mil e cem metros quadrados.

O amor idiota de Perowne por seu automóvel e um acidente bobo de trânsito conduzem a trama para o desfecho. A decisão de Perowne de parar de jogar squash e de correr quando completar cinquenta anos é de uma imbecilidade incompatível com a profissão dele, pois se sabe que há pessoas de setenta anos e mais praticando esportes, dentro de seus respectivos limites.

É curioso observar que McEwan criou um personagem que não gosta nem compreende nada de literatura. É até interessante, pois há realmente muitas pessoas assim. Entretanto, a submissão de Perowne às indicações literárias da filha é enervante. Para ter fibra e força, esse personagem deveria mandar a filhota pastar. Filhos não pautam o gosto cultural dos pais e, caso tentem, devem ser rechaçados. Cabe notar que encontrei um erro de continuidade e de revisão, como acontece nos filmes. Em dado momento, Perowne sai do banheiro e vai olhar a praça da janela. Olha a praça e pensa nos acontecimentos do dia. Então, segura-se na pia e continua a olhar a praça e meditar.

Pergunto-me, ainda, quem gostaria de ter, ou ficaria feliz com a vida de Perowne e Rosalind que trabalham até a exaustão, inclusive aos sábados. Enfim, pouca coisa se salva nesse romance sem fibra. Não recomendo.

Caso você queira ver a opinião de alguém que gostou do livro, clique aqui e veja a de Aguinaldo Médici Severino.